Cobertura do arrastão de St. Amaro de Oeiras de Junho de 2008
Violência, ataques contra as forças policiais presentes e limpeza dos bens alheios dos restantes banhistas voltaram a acontecer no passado fim de semana, na praia de Santo Amaro de Oeiras. O jornalista da SIC presente no local deu um bom exemplo do que é o jornalismo hoje em dia em Portugal. Tentou ocultar a origem étnica dos energúmenos, ignorou a existência de vítimas e percorreu a praia à procura de alguém que pudesse testemunhar um eventual excesso policial. Pelas palavras do jovem Brasileiro entrevistado, depreende-se que se houve algum excesso policial foi apenas excesso de velocidade enquanto fugiam dos arruaceiros.
No Blasfémias está em curso uma longa discussão sobre se se justifica ou não a identificação dos grupos de vândalos envolvidos. Se se tratassem de grupos de skinheads ou de claques de futebol, ninguém discutiria que a identificação dos grupos envolvidos seria fundamental para a notícia. No entanto, tratando-se gangs de jovens de etnias africanas, há muito quem defenda que tal informação não é mais relevante que informar se os arruaceiros usam ou não piercing. O mais caricato é que, ao insistir tanto que a informação sobre a origem racial não deve ser revelada pois não é importante, acabam por provar o contrário: que é importante e por isso a querem ocultar.
Numa democracia, os jornalistas devem fornecer aos leitores todos os factos de forma idónea, isenta e imparcial. Cabe aos leitores avaliar os factos e tirar as suas próprias ilações.
Numa ditadura, os factos inconvenientes são censurados e os restantes são devidamente tratados pelo jornalista por forma a manipular a opinião dos leitores.
Em termos jornalísticos, Portugal está muito mais próximo de uma ditadura que de uma democracia propriamente dita.