11.Mai.05
Rescaldo da IV Convenção do Bloco de Esquerda: À Esquerda nada de novo
Decorreu no passado fim de semana em Lisboa a IV Convenção Nacional do Bloco de Esquerda. Foram a votos duas moções: uma subscrita por Francisco Louçã, Miguel Portas, Ana Drago, Alda Macedo, Fernando Rosas e João Teixeira Lopes e que se intitula "O Bloco como alternativa Socialista" e outra, que dá pelo nome de "Por uma Plataforma de Democracia Socialista", assinada por descontentes com a direcção, entre os quais a ex-terrorista e ex-presidiária Helena Carmo, presa na sequência caso FP-25.
A ala terrorista-renovadora do BE lançou duras críticas à direcção, acusando-os de uma postura ditatorial onde aos militantes são tratados como carneiros aos quais se diz onde se devem manifestar e quais as palavras de ordem a usar, mas aos quais não se dá o direito de opinar sobre o assunto, Queremos que a discussão seja construída no terreno a cada passo e que não seja servida aos activistas como um prato pronto a pôr no terreno sem exigir a sua capacidade crítica, e exigiu também que "a democracia participativa seja exercida no Bloco de Esquerda". A direcção ouviu sem bater palmas. Diga-se em abono da verdade que o BE sempre foi uma espécie de Pronto-a-pensar onde as ideias são fornecidas aos seus activistas prontas a consumir poupando aos militantes do Bloco o trabalho de usar o cérebro.
Na resposta, o demagogo Fernando Rosas acusou a moção concorrente de "demagogia", por querer "concorrer à direcção sem uma proposta política".
A convenção ficou também marcada por duras críticas da direcção, talvez inspirada pelos críticos, à linha Estalinista do PCP, os quais foram acusados de anti-democratas. Estas críticas podem no entanto ser também interpretadas como um acto intimidatório do sector Trotskista do BE no poder, em relação aos descontentes com a actual direcção do partido.
Quanto ao resto, aparte algumas questões sobre as autárquicas e sobre a eventual adesão ao Partido da Esquerda Europeia, em termos de ideias esta convenção foi uma repetição das anteriores. À Esquerda nada de novo.