Terça-feira, 21 de Junho de 2005
Coisas estranhas se passam em Portugal
No passado dia 10 de Junho, ocorreu na praia de Carcavelos um arrastão que viria a atirar Portugal para as bocas do mundo. Em comentários na imprensa internacional podia ler-se mesmo que entráramos na era do mass-crime. O Diário de Notícias por seu turno noticiava então: foi impossível contabilizar o número de assaltantes. Teriam sido 500? Mil? Dois mil? A fonte do DN, com vasta experiência profissional, não se coibiu de apontar para os dois mil.
Surpresa das surpresas, uma semana depois, o número de assaltantes tinha decrescido para um máximo de 50. O criminologista Moita Flores explicava que a diferença de valores se devia a uma maquinação e a uma manipulação da informação por parte de forças políticas, com relação à extrema direita. Foi uma explicação em estilo Octávio Malvado, vocês sabem de que é que eu estou a falar. Ficamos sem saber se teria sido a extrema direita a orquestrar a maquinação ou se teria sido uma manobra de diversão de outras forças políticas.
Uma argumentação mais convincente e não menos imaginativa foi congeminada pelo editor da Capital Luis Osório. Num artigo intitulado O arrastão que nunca existiu, Osório chama a si a razão argumentando que quem acreditou no arrastão é racista. E pronto, contra argumentos destes não há nada a fazer. Para terminar em beleza, ele próprio assume ter sido racista nos primeiros dias, em que também ele acreditou no arrastão.
E pronto, foi assim. O mundo foi enganado. As pessoas que julgaram ter sido assaltadas, enganaram-se: perderam os seus bens no meio da confusão. Mas este desaparecimento de centenas de assaltantes de uma semana para a outra, não deixa de ser estranho.
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Neste jogo que opõe simpatizantes das vítimas a simpatizantes dos criminosos, Jorge Sampaio tomou partido e visitou no passado sábado a Cova da Moura em Lisboa. Antes disso, consultou o embaixador de Cabo Verde, Onésimo Silveira, no sentido de apurar se seria segura a sua deslocação ao local. Não deixa de ser estanho, se atendermos a que Cova da Moura, pelo menos aparentemente, se situa em território Português.
Após obter luz verde do embaixador cabo-verdiano, Sampaio lá se deslocou à Cova da Moura rodeado de um batalhão de seguranças e ladeado de inúmeros jornalistas, cujas câmaras fotográficas sempre exercem um efeito dissuasor. A visita correu bem, e Sampaio saiu de lá afirmando que é um sítio cheio de gente boa, e pelos vistos seguro.
Enfim, todo este aparato para visitar um locar seguro como a Cova da Moura não deixa de ser estranho. Vamos lá ver se um dia destes depois de jantar, Sampaio se lembra de ir sozinho e incógnito tomar um cafézinho à Cova da Moura.
Muito bonito, Mello. Saudações patriotas :)
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