Escrevo este texto a pensar que nem toda a gente entendeu as razões que levaram o Rui Tavares a romper com o Bloco de Esquerda.
Sendo o assunto público, dirijo-me coloquialmente a vocês aqui no café internet.
Mas afinal porque é que saíste?
Eu sou a pessoa mais inteligente, mais iluminada, mais genial, mais sensacional, mais esclarecida da Esquerda Portuguesa. Sou eu quem define o que é ser de Esquerda e sou eu quem sabe quais devem ser os caminhos da Esquerda. Os outros baixam as orelhas. Acontece que o Louçã, tem a mania que é bom. Julga-se um líder e quer ser visto como o maior da Esquerda em Portugal, maior esse que sou eu. O Bloco era demasiado pequeno para os nossos dois egos.
E não achas o teu pretexto muito pequeno?
Eu passei seis anos a observar o Sócrates e a aprender com ele. Aliás, tenho grandes simpatias pelo PS. Isto não é um pretexto, é uma encenação inspirada na demissão do Sócrates responsabilizando o chumbo do PEC IV.
Então e porque não saíste do Parlamento?
Estou agarrado ao tacho. Mas alguém no seu perfeito juízo iria abandonar um tacho no Parlamento Europeu? Só se for uma pessoa de princípios...
E porque foste para os Verdes Europeus?
O GUE/NGL, grupo em que estava, estava cheio de comunistas ortodoxos, eurocépticos e todo o tipo de chungaria. Eu que sou um betinho burguês cheio de estilo não me sentia bem no meio daqueles malucos. Não há nenhum anátema em estar nos Verdes europeus, eles são tipos de massa e apreciam caviar.
Mas antes disto, aceitaste estar no GUE/NGL…
Fiquei no GUE/NGL porque estava na delegação do Bloco de Esquerda, e para ficar com o tacho era obrigado a entrar neste grupo. Mas tenho vindo a conspirar desde o primeiro minuto. Mas a minha grande ambição era estar num grande grupo parlamentarna companhia da Dra. Ana Gomes.
Mas já estavas a negociar com os Verdes há dois meses…
Sim, estava. Mas apenas comuniquei aos Verdes Europeus que agora era de vez no dia 20 de Junho, segunda-feira.
Mas não houve conversas?
Sim. No refeitório eu almoçava sempre na mesa dos Verdes, nunca com o GUE/NGL.
Mas Cohn-Bendit (Presidente dos Verdes Europeus) não disse que tinhas negociado com eles dois meses antes?
Sim, disse. Foi uma enorme trapalhada com o Francês técnico que aprendi por uma sebenta da Universidade Independente. Ele disse que a minha situação já vinha de trás, que era expectável, daí o francês “ça se préparait”, o que não quer dizer de todo dizer “nós preparávamos”. O jornalista é que interpretou mal, tal como o jornalista que depois de falar comigo ficou convencido que o Daniel Oliveira tinha sido um dos quatro fundadores do BE.
E agora?
Nas próximas eleições vou tentar ser candidato independente pelo PS. Não quero perder o tacho.