09.Mar.05
Dia Internacional da Mulher
Como todos saberão, hoje celebra-se o Dia Internacional da Mulher. Assim sendo, decidi que seria uma boa ideia associar-me a estas celebrações dedicando hoje um texto a uma mulher que se tivesse notabilizado na sociedade portuguesa. Mas quem? Pensei, pensei, pensei... e de repente... lembrei-me da Ana Drago. A essa grande figura da política nacional, e a todas as mulheres, aqui vai a minha homenagem.
O texto que passo a comentar é da autoria de Ana Drago.
http://anomalias.weblog.com.pt/arquivo/004534.html
Trata-se de uma carta aberta que a deputada dirigiu ao Primeiro Ministro, publicada no jornal Público faz exactamente um ano (8 de Março 2004). Esta carta, a pretexto do Dia Internacional da Mulher, encontra-se ainda hoje perfeitamente actualizada, visto que o aborto não foi ainda despenalizado.
Referindo-se ao aborto, a carta foi muito sabiamente intitulada Num país que não respeita os meus direitos não quero viver, promessa que até hoje continua por cumprir. Aliás, a este respeito tenho mesmo uma sugestão a fazer aos leitores do Política XIX: Sugiro que nos quotizemos e paguemos bilhete só de ida a esta menina para Angola. Ou melhor, Angola não, que fica muito perto. Talvez para os Emiratos Árabes onde algum Sultão certamente não se importará de a receber no seu harém, e de onde dificilmente voltará a sair.
Nessa carta Ana Drago confessa sofrer de esquizofrenia ou um qualquer problema de personalidade múltipla:
Sou as mulheres filipinas que vivem na periferia de Manila, com 7 filhos numa barraca. Sou a menina africana, a quem fazem uma excisão genital. Sou as mulheres espancadas nas ruas da Argélia. Sou a nigeriana condenada a ser apedrejada até à morte. Sou as inglesas violadas no Algarve. Sou a lésbica italiana. Sou as mulheres agredidas pelos maridos. Sou as mulheres de Leste que tentam escapar à pobreza. Sou a iraniana sem papéis na França.
Faltou acrescentar Sou a deputada Portuguesa que gosta de brincar com as barbies e não sabe o que diz. penso eu. Mas não é tudo. Ana Drago revela também sofrer de problemas de identidade:
sou apenas mais uma das mulheres, de tantas, que colocaram essa questão: não sou eu uma mulher?
A esta questão apenas ela pode responder, mas aparentemente, assim à primeira vista dá essa sensação.
No entanto, o ponto alto da sua carta é eventualmente quando ela acusa a democracia de lhe tutelar a consciência e o Estado de lhe tutelar o útero:
Que democracia é esta que acha que por isso pode tutelar a minha consciência? (...) Que democracia é esta que acha que a minha condição de mulher confere ao Estado tutela sobre o meu útero, que me reduz a mera incubadora?
Mas a mera incubadora não se fica por aqui. Na sua fúria cega abortativa considera-se discriminada em relação aos homens.
Que democracia é esta onde sou, como tantas mulheres por esse mundo fora, algo menos do que um homem na minha cidadania?
Sem razão, diria eu. Tanto quanto sei, a lei Portuguesa também não concede aos homens o direito de abortar.
Por fim, considera-se uma cidadã menor (não se sabe se em tamanho se em QI), e reitera a sua vontade em abandonar o país.
(...) neste estatuto de cidadã menor, que lhe digo que num país em que o Estado não respeita os meus direitos, eu não quero viver.
Ana Drago, tens todo o meu apoio.
O texto que passo a comentar é da autoria de Ana Drago.
http://anomalias.weblog.com.pt/arquivo/004534.html
Trata-se de uma carta aberta que a deputada dirigiu ao Primeiro Ministro, publicada no jornal Público faz exactamente um ano (8 de Março 2004). Esta carta, a pretexto do Dia Internacional da Mulher, encontra-se ainda hoje perfeitamente actualizada, visto que o aborto não foi ainda despenalizado.
Referindo-se ao aborto, a carta foi muito sabiamente intitulada Num país que não respeita os meus direitos não quero viver, promessa que até hoje continua por cumprir. Aliás, a este respeito tenho mesmo uma sugestão a fazer aos leitores do Política XIX: Sugiro que nos quotizemos e paguemos bilhete só de ida a esta menina para Angola. Ou melhor, Angola não, que fica muito perto. Talvez para os Emiratos Árabes onde algum Sultão certamente não se importará de a receber no seu harém, e de onde dificilmente voltará a sair.
Nessa carta Ana Drago confessa sofrer de esquizofrenia ou um qualquer problema de personalidade múltipla:
Sou as mulheres filipinas que vivem na periferia de Manila, com 7 filhos numa barraca. Sou a menina africana, a quem fazem uma excisão genital. Sou as mulheres espancadas nas ruas da Argélia. Sou a nigeriana condenada a ser apedrejada até à morte. Sou as inglesas violadas no Algarve. Sou a lésbica italiana. Sou as mulheres agredidas pelos maridos. Sou as mulheres de Leste que tentam escapar à pobreza. Sou a iraniana sem papéis na França.
Faltou acrescentar Sou a deputada Portuguesa que gosta de brincar com as barbies e não sabe o que diz. penso eu. Mas não é tudo. Ana Drago revela também sofrer de problemas de identidade:
sou apenas mais uma das mulheres, de tantas, que colocaram essa questão: não sou eu uma mulher?
A esta questão apenas ela pode responder, mas aparentemente, assim à primeira vista dá essa sensação.
No entanto, o ponto alto da sua carta é eventualmente quando ela acusa a democracia de lhe tutelar a consciência e o Estado de lhe tutelar o útero:
Que democracia é esta que acha que por isso pode tutelar a minha consciência? (...) Que democracia é esta que acha que a minha condição de mulher confere ao Estado tutela sobre o meu útero, que me reduz a mera incubadora?
Mas a mera incubadora não se fica por aqui. Na sua fúria cega abortativa considera-se discriminada em relação aos homens.
Que democracia é esta onde sou, como tantas mulheres por esse mundo fora, algo menos do que um homem na minha cidadania?
Sem razão, diria eu. Tanto quanto sei, a lei Portuguesa também não concede aos homens o direito de abortar.
Por fim, considera-se uma cidadã menor (não se sabe se em tamanho se em QI), e reitera a sua vontade em abandonar o país.
(...) neste estatuto de cidadã menor, que lhe digo que num país em que o Estado não respeita os meus direitos, eu não quero viver.
Ana Drago, tens todo o meu apoio.